Opinião – Na política, importa mais o que aparenta estar sendo feito, do que o que realmente sendo feito – por Rik Daniel*

Mário Flávio - 10.03.2025 às 10:28h

Diante da escalada dos preços dos alimentos e da queda da aprovação do Presidente Lula, o governo federal, através do Vice-Presidente e Ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou a isenção do imposto de importação de alguns itens alimentícios, como café, azeite, milho, carnes, açúcar, entre outros produtos.

Essa não é a primeira nem será a última medida do Governo Federal para tentar baixar o preço dos alimentos, pelo menos não é a pior maneira já tentada. Quem tem pouca idade, mas gosta de história, ou quem tem mais de 50 anos deve lembrar da medida adotada pelo governo Sarney para tentar controlar o preço dos alimentos, os tais fiscais do Sarney, naquela época, o governo havia criado o tabelamento de preços, nada poderia ser comercializado acima daquele valor tabelado, caso o cidadão encontrasse algum produto acima do valor tabelado, poderia chamar a polícia e prender o comerciante, muitas pessoas trabalharam de graça como fiscais do Sarney, a medida deu certo? Não, controle de preços nunca deu certo.

Mas voltando a 2025, a medida do governo de isenção do imposto de importação também não surtirá muito efeito, uma vez que o volume de importação dos produtos decretados isentos é irrisório perto da quantidade que é produzida no Brasil, a título de exemplo, o café, produto que já acumula uma alta de 50% nos últimos 12 meses, teve 2.088 toneladas de volume de importação, um total de 0,002% no total das importações feitas pelo país, já o milho, teve no ano de 2024 uma importação total de 1.63 milhão de toneladas, representando 0,1% das nossas importações, um valor total de 292 milhões de dólares, com um detalhe, 92,4% desse valor, isto é (270 milhões) é proveniente do Paraguai, que por fazer parte do Mercosul, já é isento de imposto de importação.

Ou seja, a medida apresentada pelo governo praticamente não surtirá efeito, talvez baixe o preço do azeite, que não produzimos no Brasil, mas para os demais produtos, praticamente não haverá mudança no preço, mas é como digo no título deste artigo, na política, é mais importante é parecer estar fazendo algo do que estar realmente fazendo algo.

*Rik Daniel é Economista.