A coluna de hoje não poderia ser sobre outro assunto, senão o mais badalado da semana: a Luiza, uma estudante que estava no Canadá quando sua família gravou um comercial sobre um empreendimento imobiliário na Paraíba. Inacreditavelmente, o bordão “Menos Luiza, que está no Canadá” ganhou as mídias sociais e até a TV. A jovem se tornou celebridade instantânea… tudo isso graças ao meme. Mas você sabe o que é isso?!
Criado em 1976 por Richard Dawkins, um meme é uma unidade de informação que se propaga de mente em mente. O termo, popularizado na internet, é uma referência às pessoas, vídeos, imagens ou qualquer outro arquivo que traga consigo uma ideia ou conceito que se populariza entre centenas de pessoas. Alguns exemplos comuns de memes utilizados na internet são os chamados “memefaces”. Desenhos que ganharam vida própria ao expressar facilmente e de forma humorada, situações reconhecidas por todos nós. Em comum, eles exploram a caricatura. E são nessas caricaturas do cotidiano que reside um dos segredos do porquê alguns assuntos se tornam facilmente replicáveis e outros não: o riso.
Para o filósofo francês Henri Bergson, o riso tem o objetivo de destacar o que há de automático e estereotipado no comportamento das pessoas. Em suma, o risível é algo que foge do nosso padrão de comportamento habitual. Ainda segundo o filósofo, o humor é um espelho deformante que nos faz rir porque exagera nossos próprios defeitos. Aplicando esse conceito ao “Menos a Luiza, que está no Canadá”, conseguimos perceber no comercial que originou o bordão, aspectos caricatos. A sentença evidencia a imagem caricata de família burguesa recomendando um empreendimento. Ela causa o riso e transmite em si o ápice do estereótipo.
Conceitos à parte o assunto ganhou espaço até nos meios tradicionais. Para o bem e para o mal. Para descontrair e criticar. Quem tá certo ou errado eu não sei, mas quem tá sabendo aproveitar a oportunidade é a Luiza, que deixou os estudos no Canadá para curtir o embalo da fama repentina. E essa é apenas uma simples demonstração do poder das redes sociais… e ainda há quem acredite que isso é modismo e vai passar. Será?!
Conceição Ricarte é jornalista, com pós graduação em Assessoria de Imprensa, produtora da Rádio Globo FM, analista de social media e apaixonada por internet e tecnologia.