A decisão de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de se licenciar da Câmara dos Deputados por mais de quatro meses, abrindo espaço para o retorno do suplente José Olímpio, não é apenas um gesto administrativo. É um movimento político com forte carga simbólica — e estratégica.
Eduardo, que se afastará por dois dias para tratamento de saúde e mais 120 dias por interesse particular, segue nos Estados Unidos, onde já vem residindo com a família há alguns meses. Por lá, tem repetido o discurso de que é vítima de perseguição por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e evita compromissos parlamentares no Brasil.
O afastamento, portanto, tem um caráter claramente político: permite que o deputado continue sustentando a narrativa de “exílio forçado” por pressão institucional, enquanto se preserva dos desdobramentos jurídicos e das tensões que rondam o entorno bolsonarista.
A convocação do suplente, por outro lado, é tudo menos aleatória. José Olímpio, ex-deputado federal, missionário e figura influente na bancada evangélica, volta à Câmara como um nome confiável dentro do campo conservador. Sua presença mantém a temperatura ideológica da vaga sem causar ruído político — algo fundamental em tempos de crise e reposicionamento estratégico.
No Congresso, a movimentação foi lida como uma forma de manter a cadeira sob controle bolsonarista, enquanto Eduardo se ausenta, oficialmente, do debate. Na prática, o filho do ex-presidente sai temporariamente de cena — mas sem perder o jogo. A conferir.
