Relação entre Raquel Lyra e Lula dá sinais de distanciamento após agenda no Sertão

Mário Flávio - 14.08.2025 às 09:17h

A decisão da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), de priorizar compromissos no Sertão nesta quinta-feira (14) em vez de acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agendas na Mata Norte e no Recife reforçou a percepção de que a relação política entre os dois atravessa um momento de distanciamento.

Embora nunca tenha apostado na possibilidade de ser o único palanque de Lula no Estado em 2026, Raquel cultivou, ao longo do mandato, laços institucionais e pessoais com o presidente. Essa aproximação começou a apresentar sinais de enfraquecimento após a última visita presidencial a Pernambuco, no fim de maio, quando Lula esteve em Salgueiro para assinar a ordem de serviço da transposição do Rio São Francisco.

Nos bastidores, interlocutores apontam que o ministro da Casa Civil, Rui Costa — principal canal de diálogo entre a governadora e o Planalto — teria reduzido o nível de atenção dispensado a demandas do Estado. A postura mais discreta diante do projeto de recuperação do metrô e a exoneração de Danilo Cabral da Superintendência da Sudene, interpretada como gesto em favor do Ceará na disputa por investimentos da Transnordestina, são citadas como exemplos.

Outro ponto de fricção é o arrefecimento na liberação de recursos do Novo PAC para obras estruturantes em Pernambuco. A tensão teria aumentado com o convite tardio para os eventos desta quinta-feira, enviado à governadora quase um dia depois de o prefeito do Recife, João Campos (PSB), adversário político, ter sido comunicado.

Com isso, Raquel definiu outro roteiro: nesta quinta-feira, visita Petrolina e Ouricuri, e na sexta segue para Salgueiro e Floresta. A escolha foi interpretada como um recado de que a governadora pretende manter sua agenda própria e não depender da pauta presidencial.