Se o poder é bom, o povo negro também quer o poder! Ainda hoje, mesmo os negros e negras sendo maioria no Brasil e em especial em Pernambuco, infelizmente, ainda há uma sub-representação quanto à participação afrodescendente em relação à política e aos espaços de poder. Ressaltamos que o Brasil é um país que carrega em sua história a exclusão, como afirma o ex-presidente Lula em um dos seus discursos:
“Essa situação injusta e cruel de discriminação é produto da nossa história, da escravidão que durou quatro séculos no Brasil, deixando marcas profundas em nosso convívio social, mas também é resultado da ausência de políticas públicas voltadas para superá-las”. (BRASIL, discurso do presidente da república, 2003)
Então por isso é necessário ter como meta a superação das sub-representações dos negros e das mulheres na política, nestes espaços de poder. Para isso temos que construir políticas públicas para garantir a vitória dos negros e das mulheres na luta por maior inserção. Com a atual conjuntura que temos no Brasil, em que pese os enormes avanços que o Governo do PT trouxe para a sociedade, esses dois segmentos em particular ainda estão distantes das grandes disputas políticas e da luta pelo poder e com isso ainda muito distantes da condição de agentes diretos para acelerar as mudanças.
Com a 2ª edição do Parlamento Jovem em Caruaru esperamos que esses grupos tenham de forma efetiva uma representação na sociedade Caruaruense. Na 1ª edição não foram contemplados, infelizmente.
Caruaru é uma das cidades do interior do Estado de Pernambuco que vem se desenvolvendo de forma acelerada e a sociedade deve acompanhar este desenvolvimento. Tal desenvolvimento não deve ser apenas enxergado como crescimento econômico ou mesmo do perímetro urbano mais de comportamento, da elevação do nível de consciência e do respeito as diferenças. Nossos jovens, negros e negras das periferias que estão sendo esquecidos e esquecidas pelo poder público tem que, de fato e de direito, assumir uma posição na sociedade caruaruense, dessa forma saindo da invisibilidade social, profissional e cultural para ter uma possibilidade de ingressar em um caminho de compreensão das culturas, do contato com o diferente, possibilitando o respeito e admiração, podendo fazer um caminho de resgate da memória, ressignificando assim, a sua história.
Penso que o Parlamento Jovem vai servir de instrumento para construir Políticas Públicas para que estes jovens negros, assim como eu, tenham nossos direitos garantidos. Acredito que vai ser uma tarefa difícil para quem entrar no Parlamento Jovem defendendo a temática racial, pois temos uma sociedade preconceituosa e com conceitos firmados no eurocentrismo, mas não será impossível.
Termino meu pensamento com uma frase de Bob Marley: “… Só tem uma coisa que eu quero muito: que a humanidade viva unida… negros e brancos todos juntos”.
*Walker Oliveira, graduando do curso de pedagogia e integrante do Grupo de Estudo Africanidades e Estudos Pós-Coloniais Latino Americanos.