Câmara cassa mandatos de sete deputados após decisão do STF sobre sobras eleitorais; Gilvan Máximo promete greve de fome

Mário Flávio - 30.07.2025 às 21:32h

A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados declarou, nesta terça-feira (29), a perda de mandato de sete parlamentares em cumprimento a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que alterou a regra para a distribuição das chamadas sobras eleitorais. A medida afeta deputados de quatro estados e gera forte reação entre os atingidos.

Com a decisão, perdem os mandatos:

  • Gilvan Máximo (Republicanos-DF)
  • Augusto Puppio (MDB-AP)
  • Lebrão (União-RO)
  • Lázaro Botelho (PP-TO)
  • Professora Goreth (PDT-AP)
  • Silvia Waiãpi (PL-AP)
  • Sonize Barbosa (PL-AP)

A retotalização dos resultados das eleições de 2022, realizada pelos tribunais eleitorais do Amapá, Distrito Federal, Tocantins e Rondônia, levou à substituição dos parlamentares por outros candidatos que disputaram o pleito.

Assumem os mandatos:

  • Professora Marcivânia (PCdoB-AP)
  • Paulo Lemos (PSOL-AP)
  • André Abdon (Progressistas-AP)
  • Aline Gurgel (Republicanos-AP)
  • Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)
  • Rafael Bento (Podemos-RO)
  • Tiago Dimas (Podemos-TO)

Entenda a decisão do STF

A mudança se baseia em julgamento recente do STF que invalidou regras do Código Eleitoral relacionadas à distribuição das sobras eleitorais. Por maioria, o Supremo declarou inconstitucional o artigo que restringia a participação nas sobras aos partidos que atingissem 80% do quociente eleitoral e cujos candidatos tivessem ao menos 20% desse índice. Também foi derrubada a previsão que, na ausência de partidos com o quociente, as vagas fossem atribuídas aos candidatos mais votados.

Com a decisão, a Justiça Eleitoral reprocessou os votos, o que levou à substituição de parlamentares eleitos sob as regras anteriores.

Reação dos cassados

O ex-deputado Gilvan Máximo (Republicanos-DF), um dos afetados, criticou duramente a decisão e anunciou uma greve de fome como forma de protesto. Ele alega que a cassação fere a Constituição e foi realizada sem julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como prevê a legislação.

“Os deputados estão convocando greve de fome no Congresso. Não fomos julgados pelo TSE – a Constituição diz que os deputados, para serem cassados, devem ser julgados no TSE. Não tivemos ampla defesa no Supremo”, afirmou Gilvan.

Ele ainda criticou o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), por cumprir a decisão:

“Hugo Motta apequena o Parlamento com uma decisão dessas. Fomos eleitos dentro das normas vigentes. É uma aberração. Nunca na história da democracia aconteceu isso de sete deputados eleitos serem cassados dessa maneira.”

Próximos passos

Os parlamentares cassados prometem recorrer e tentar reverter a decisão por vias judiciais e políticas. Enquanto isso, os novos deputados já foram comunicados e devem tomar posse em breve.