Participação dos jovens se destaca no processo político-eleitoral de Caruaru

Mário Flávio - 16.10.2012 às 13:12h

Marcelo Diniz (1), Raffiê Dellon (2) e Joana Fiqueiredo (3), lideranças políticas jovens em diferentes e conectados campos de ação – Crédito: divulgação

Na composição do eleitorado de Caruaru, uma grande parcela corresponde a jovens na faixa etária de 16 a 24 anos, que representam 33.790 eleitores, ou pouco mais de 17% dos aptos a votar na cidade. Esse percentual, embora não seja a maior parte da composição do eleitorado na cidade, pode ser decisivo para virar o jogo em uma disputa eleitoral e nas eleições municipais 2012 representou um percentual importante. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o eleitorado jovem em todo o país também alcança 17%, o que, pela avaliação da Justiça Eleitoral, reflete um aumento do interesse e da participação dos eleitores mais jovens no processo eleitoral, ainda mais quando seu foco tem caráter municipal. Na prática, isso significa participação da juventude no processo de discussão político via redes sociais e através da atuação de militâncias.

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Participante de mobilizações políticas de juventude há um bom tempo na Capital do Agreste, Raffiê Dellon atualmente é vice-presidente da Juventude Nacional do PSDB e participou da campanha da candidata a prefeita Miriam Lacerda (DEM) como um dos coordenadores de Juventude. A candidata dele não ganhou, mas ele assegura que a participação dos jovens na eleição deste ano foi maior e que representa uma tendência de crescimento para os próximos anos. “O que observamos nesse processo político em Caruaru, é que o engajamento de jovens entre 16 e 18 anos, obteve um acréscimo bastante considerável. Vimos isso nos debates nos colégios, o qual eu orgulhosamente representava o projeto político encabeçado por Miriam Lacerda. Penso que essa é a tendência para 2014 e principalmente para 2016, no qual o processo eleitoral em Caruaru terá outro formato, com o segundo turno. A democracia tem a ganhar com esses “novos caras-pintadas” caruaruenses que já estão surgindo”, observou.

Durante o período eleitoral foram realizados diferentes debates em colégios caruaruenses que tiveram como interlocutores membros das coordenações de juventudes de cada candidato a prefeito em Caruaru. Durante esses eventos, Raffiê discutiu ideias com outra liderança jovem, Marcelo Diniz, petista que veio de Recife à Capital do Forró faz pouco tempo e que passou a integrar a coordenação de juventude na campanha de Zé Queiroz (PDT), reeleito no município. Marcelo acredita que o cenário político atual fomenta a participação popular nas decisões do governo, o que também contribui para que os jovens se demonstrem mais ativos no processo eleitoral.  “Acredito que os avanços na democracia participativa, como as conferências e as experiências de participação popular fizeram com que a juventude percebesse maiores possibilidades de influenciar nas decisões de Estado, fazendo com que a juventude se sinta mais empoderada e com mais vontade de participar. Obviamente, precisamos cuidar para que as novas gerações não sejam contaminadas por velhas práticas que tanto atravancam o processo democrático, como a troca do voto por favores individuais e o voto por amizade, sem embasamento político”, defendeu.

INICIATIVAS

Contudo, para ser participante do processo de discussão política não é obrigatório ser um militante partidário. Em uma posição mais neutra, o vice-diretor do Centro Acadêmico de Sistemas da Informação na UPE-Caruaru, Rik Daniel, acredita que é necessário que os jovens se interessem mais por política, embora ele afirme vivenciar um ambiente em que universitário acham que discutir política é apenas defender um determinado candidato. “Lá na UPE eu vejo pouco isso, vejo gente ‘descrente’ na política, acha que todo político é safado, é aproveitador, e isso não é verdade, não vejo muita gente levantar bandeira de um candidato “de verdade” só daquele candidato que, venha a trazer benefício imediato para o tal eleitor, e não para o geral”, ressaltou.

Para ir na contramão desse pensamento, Rik decidiu, durante a campanha, elaborar um documento com reivindicações dos universitários para ser entregue aos três candidatos a prefeito em Caruaru. Ele conseguiu ainda entregar o documento a Zé Queiroz e a Miriam Lacerda, faltou Fábio José (PSOL). Ele até registrou o documento em cartório. Para Rik, que também já participou de protestos por melhorias de condições no Campus da UPE, são necessárias mais iniciativas como essa para que os jovens mostrem a importância do voto consciente. “Se eles cumprirão o que está expresso no documento eu não sei, alguns colegas me disseram que não, mas eu quero acreditar que sim, pois, se eu não puder acreditar no candidato que a maioria da população escolheu para administrar a cidade, em quem eu irei acreditar? O documento foi entregue, se não cumprirem, me dão brecha pra ir na rua e cobrá-los, e eu farei isso, como já fiz uma vez, e farei quantas mais forem precisar pra ser ouvido”, explicou Rik, que garantiu, depois da eleição, que iria cobrar o prefeito eleito Zé Queiroz. Além de elaborar o documento, Rik ainda tomou outra iniciativa durante as eleições: foi um dos criadores da página Mural da Vergonha no Facebook, que estimulava as pessoas a postar fotos do acúmulo de lixo formado por material de campanha espalhado nas ruas durante eventos políticos.

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INCENTIVOS E RESULTADOS

É este tipo de exemplo que, na opinião da vereadora jovem caruaruense Joana Figueiredo, precisam ser fomentados desde cedo. “Acredito que com o advento de diversas redes sociais as informações e divulgações (de qualquer conteúdo) ficaram muito acessíveis e causa enorme repercussão que são por vezes positivas e negativas (dependendo do conteúdo explicitado). Quanto aos conteúdos que tratam das questões políticas que rodam a sociedade vejo na redes sociais grande oportunidade para os jovens que desejam divulgar, discutir, compartilhar, denunciar as questões vigentes na sociedade e isso os oferecem poder de mudar, gritar e mobilizar”, explicou. Joana representa a classe universitária no Parlamento Jovem de Caruaru, criado em meados de 2012, como iniciativa para que os jovens do município discutissem políticas públicas, como um reforço aos trabalhos dos vereadores de fato da Câmara Municipal. Ela acredita que o projeto é uma das ferramentes eficazes para que jovens lideranças sejam formadas na cidade. Atualmente, o parlamento conta com 15 representantes de diferentes segmentos sociais e institucionais, além de contar com representantes de movimentos político-partidários.

“As influências são muitas, e diria que positivas. Já é um grande progresso oportunizar e inserir os/as jovens no parlamento. Isso os/as aproxima não só do poder legislativo como ao executivo também. E os/as instiga sem dúvida a terem voz e estarem por dentro dos trâmites políticos. Além de dar visibilidade aos jovens que ocupam os lugares nas cadeiras da Câmara Municipal incentivam outros/as a serem mais participes”, salientou Joana, que acredita também no papel da Escola no processo de conscientização política. “Acredito muito na escola como base nesse processo de conscientização política da juventude. Contudo, infelizmente a política nas escolas é pouco debatida e estas por vezes se fecham as questões eleitorais. E isso se dá em algumas situações, pela falta de autonomia dos profissionais da educação e também do pouco interesse político, que afeta sem dúvida a juventude que se forma nas escolas, Com certeza se nas escolas que tem como papel formar cidadãos/ãs houvesse mais práticas reflexivas críticas quanto às questões políticas globais e locais o cenário eleitoral teria outra significação. Trazendo as juventudes militantes nas campanhas Caruaruenses um amadurecimento maior quanto ao papel e a veracidade da política, que deve vir de modo honesto, maduro, consciente, e pacífico”, concluiu a jovem vereadora.

Rik Daniel (no canto, à dir.) já participou de protestos por melhorias na UPE e acredita que os jovens precisam tomar mais iniciativas no processo de discussão política – Crédito: divulgação